civilidade

Fotografias em óxidos minerais e pólvora, reveladas em fibrocimento e encapsuladas com resina ótica.

Dimensão: 6 metros de diâmetro X 2,20 metros de altura.

Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2019.

A pólvora está presente nos melhores momentos festivos de uma sociedade, mas também acompanha os piores momentos da nossa história. Assim também, constatamos que o cimento é um material que se prolifera diariamente nas grandes cidades, em prol das florestas de concreto. Em meio a essas construções e destruições está o conceito de civilidade, que ora desponta ora desaparece junto às atitudes humanas.

A instalação “Civilidade” é a materialização de imagens fotográficas, reveladas com pólvora e cimento, que formam o panorama visual de uma “floresta de concreto”, realizado a partir de imagens de um dos prédios mais altos do Brasil, em São Paulo. A partir desse prédio, podemos observar essa "floresta" que avança até perder de vista, na linha do horizonte. Ela evoca uma reflexão sobre a presença do concreto entre nós e sua contribuição para uma redefinição do conceito de natureza, além do impacto geográfico, político e econômico que surge da sua crescente aparição.

Considero uma espécie de sublimidade, gerada pelo embate social presente em cada metro quadrado concretado. Essa obra resulta de observações e registros fotográficos dos fenômenos naturais e intervenções humanas no solo das cidades. Assim, proponho revelar algo que parece endurecer nosso olhar ou afirmar nossa frágil condição perante o desenvolvimento dos materiais criados da Terra.

Uma alquimia visual fotográfica através do retorno da imagem ao material ou situação que lhe deu origem, onde construo narrativas poéticas sobre nossa responsabilidade com as existências e questionamentos sobre aspectos geopolíticos, humanidade e a sustentabilidade da vida na Terra.